Maio 2013 Ironman Brasil
Ao cruzar a linha de chegada de mãos dadas com o coach em Floripa, a nossa vaga pra Kona estava garantida. Novamente faríamos parte da prova mais emocionante do circuito mundial do Ironman. Não dava pra acreditar!! Todo o esforço dos treinos, acordar cedo, unhas roxas, tudo…tudo vale a pena pra se estar lá. Eh um encanto inexplicável, uma energia positiva que transborda a alma.
Eh imprescindível chegar com antecedência no Hawaii. Primeiro, para se adaptar ao fuso horário, são 7 horas a menos e, segundo, para participar de toda a festa que antecede a prova. No inicio a cidade esta bem pacata, mas com o passar dos dias vai se transformando, se enchendo de gente nova, de atletas treinando pra cima e pra baixo, de musicas hawaianas ouvidas pelas ruas, de dança, num clima de celebração, alegria e descontração. Todos que estão na ilha tem a prova em comum, estão unidos pelo mesmo objetivo e faz parecer que somos parentes de alguma maneira. Meu irmão, Karina, Sr e Sra Coisinha, Simão e Tina também voaram pra lá p saborear um pouco disso tudo e me apoiarem no dia D e isso foi fundamental para que eu fizesse uma boa prova. Esse ano estava tranquila, sem medo, com vontade, certa de que conseguiria enfrentar mais esse desafio. Já havia nadado, pedalado e corrido por la, passado pelo calor, pelo vento e tudo isso me deixou mais confiante.
13 outubro 2013 Ironman World Championship
Linha de largada... touca na cabeça, números tatuados nos braços, roupa laranja embaixo do swimsuit e muita alegria no coração. Estava extremamente feliz por estar ali comemorando mais essa vitória. Percursionistas havaianos ditavam o ritmo da festa... e o som se misturava com a batida acelerada dos nossos corações... Era arrepiante! As 7h o tiro do canhao nos convidou para dar as primeiras braçadas e lá fui eu no meio daquela multidão afoita por um espacinho dentro d’água. Entrei pela esquerda e diferente do que esperava, nadei quase todo o tempo sozinha, sem sustos. Parecia que o mar ia se abrindo pra eu passar...Só embolei um pouco ao contornar os barcos, mas não tem como ser diferente. Eh um funil só! A agua do mar estava quentinha, cheia de peixinhos, transparente... uma delicia. Quando sai da agua olhei pra o relógio e me surpreendi com o tempo que fiz, foi melhor do que eu esperava fazer.
Transitei rápido e parti para o pedal. Pensava a cada instante: aqui eh igual Floripa, a mesma distancia e não ha com o que se preocupar. Surpreendentemente os primeiros 90 km foram tranquilos, sem vento... inacreditável. Ficava procurando e esperando ansiosa os sensores de tempo do chão, pois sabia que ali vcs poderiam me rastrear e ficar um pouco mais junto a mim...como se fosse um portal, onde pudéssemos eu, o Walter e vcs estarmos juntos sobre a mesma bicicleta. Fechei os 90km com 2h30min e pensei... “ beleza... vou fazer os 180 igual ao meu tempo em Floripa”. Rsrs...Ah, ta..!... ia sim....
Começou a ventar contra no km 110 e dali ate o final foi desesperador! Comecei a rir de mim mesma....tinha esquecido de que por mais que vc esteja preparado, que queira fazer a prova em x tempo, etc... eh a ilha quem manda, eh ela que vai ditar o ritmo da prova… não adianta brigar. Ir contra toda a forca de Kona pode custar muito caro e te derrubar antes do final como vi acontecer com vários atletas. Esse era o meu maior medo, passar do limite antes do fim.
Transitei rapidinho e fui correr. Estava bem feliz com o meu pedal, mas tinha feito muita forca e sabia que pagaria na corrida. Nos primeiros 3 kms achei que não conseguiria chegar... estava quente, precisava de sal e encontrar um ritmo seguro para correr os últimos 39km. Meu corpo não queria ir, mas minha cabeça estava muito focada e ele não teve opção a não ser continuar. Pensei nos amigos de treino, nas corridas juntas, no Beber e no Tiago me dando pace e.... no Miguel sentadinho tomando Stella...e eu ali naquele calorão todo..! rsrs Queria matar o Miguel...!! rsrsr
Corri mais com o coração do que com as minhas pernas... com muita vontade de chegar e abraçar meus amigos que esperavam por mim. Foi emocionante! A Karina me estendeu a bandeira do Brasil... meu irmão jogou um colar lindo havaiano sobre meu corpo...e assim dei meus últimos passos. Passei pelo pórtico devagarinho, saboreando todo o suor e dedicação que tive para chegar ate ali.
Desenhei um enorme coração no ar em homenagem a todos os amigos que ficaram esperando a minha chegada. Corri para a câmera de filmagem e gritei bem alto para o Walter “eu te amo coach!” Estava trasbordando em lagrimas de alegria por representar novamente a nossa Assessoria em terras havaianas.
Meus amigos queridos, vocês não tem ideia de como me ajudaram... de como estiveram presentes em cada braçada, pedalada e passada que dei. Vcs foram priomordiais para o meu sucesso. Muito obrigada a todos pela imensa torcida, pelas inúmeras mensagens de carinho, pelo incentivo e por fazerem parte da minha vida de uma maneira tao especial. Obrigada ao Lauro Wollner pela parceria nos treinos e pela felicidade espontânea eterna em me ver competindo!! Ahoha Lauritooo!!! Obrigada a Daniela Vivacqua da REI por preparar mais uma roupinha maravilhosa de competição e a minha nutricionista Laura Breves por me tornar capaz.
E eh claro, meu eterno agradecimento a você Walter, pela sua competência em me treinar, por ser o profissional que eh, pela nossa parceria nos treinos e competições, por toda paciência em tempos de desespero, pelos conselhos, e acima de tudo por querer me transformar em uma atleta cada vez melhor. Tenho muito orgulho de ter sido “ feita” por vc e de vestir a nossa camisa laranja.. e sempre sera assim. Muito obrigada do fundo do meu coração.
Quando fui para a cerimonia de entrega de prêmios e ouvi os campeões falarem sobre as suas experiências, fiquei pensando no que representaria o Ironman na minha vida. Mais do que uma prova longa, o ironman eh uma prova de autoconhecimento, eh um mergulho em si mesmo, eh o entendimento de quem se eh e das suas limitações... eh um jeito de viver, um estilo de vida, uma religião, onde tudo se torna possível quando realmente acreditamos, queremos e fazemos acontecer. Hoje posso afirmar que essa prova eh meu vicio, minha realização como atleta amadora que sou, minha alegria... e certamente muitos e muitos outros virao....e quando me perguntarem em Kona quantas vezes estive lá, talvez eu possa dizer...10, 12, 15x como tantos outros atletas que lá conheci.
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