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surgimento de novas modalidades, pudemos acompanhar também o avanço tecnológico
em todos os segmentos do esporte, princpalmente na indústria e no treinamento. Muitos
conceitos do passado, tidos como dogmas imutáveis do esporte, deram lugar a idéias
inovadoras e eficazes, trazendo vantagens tanto para praticantes amadores como
profissionais.
Uma dessas mudanças
atingiu em cheio as modalidades de estrada, e teve provável início
em 2004,
quando o ciclista espanhol Roberto Heras resolveu encarar as duras subidas da
Vuelta a España daquele ano (algumas a 28% de gradiente!) usando uma relação
reduzida
de marchas, com coroas menores. Sem saber, ele estava derrubando um
tabu que durara
décadas, onde era imperativo que as relações de estrada fossem
mais pesadas. Seu
sucesso nas montanhas da competição abriu o caminho para uma
grande mudança na
forma de pensar sobre o uso da força produzida pelo ciclista.
Técnicos começaram a
perceber que o giro era mais importante do que se
imaginava.
Nao dá para saber
se tudo realmente começou ali, mas o fato ajudou bastante. Logo, a
indústria já
estava desenvolvendo um sistema que pudesse ofereer as vantagens do giro
mais
elevado, onde o ciclista consegue manter uma cadência de rotações do pedivela
muito mas confortável e eficiente, sem o desgaste muscular exigido pelo pedalar
lento e
pesado das marchas longas. Para isso, foi necessário alterar as
dimensões do pedivela,
diminuindo o tamanho dos braços de fixação das coroas
para que fosse possível utilizar
pratos menores.
Esta sigla
significa Bolt Circle Diameter, e se refere ao diâmetro do círclo
formado pelos
parafusos de fixação das coroas. Por muito tempo este padrão foi
de 130mm, utilizado por
todos os fabricantes (exceto pela Campagnolo, que
estabeleceu um padrão próprio de
135mm). Este formato não permite o uso de
coroas com menos de 39 dentes, e para que o
novo conceito de coroas compactas
pudesse "vingar", as fábricas resolveram adotar o
formato utilizado
nos antigos pedivelas para mountain bike: 110mm. Com um BCD
reduzido, coroas
menores (de até 34 dentes no prato interno e 50 dentes no prato externo)
passaram a estar disponíveis, dando ao ciclista muito mais opções nas relações
curtas. E
simples mortais como nós passaram a subir serras com muito mais
desenvoltura e menos
cansaço.
Na prática, o que
acontece?
O uso de coroas
menores aumenta as opções nas relações de força, enquanto diminui as
opções de
velocidades mais altas, considerando que o conjunto de pinhões e o giro (RPM)
do pedivela permaneça o mesmo. Com o uso de coroas compactas o ciclista possui
um
leque de opções maior na faixa mais alta do cassete, e pode encaixaar um
giro mais
adequado (mais alto) ao seu nível de performance. Em contrapartida,
ele perderá
velocidade nas relações mais baixas. Com a alteraçao do cassete,
esta perda pode ser
minimizada, ou até mesmo eliminada. A combinação certa de
coroas compactas e cassetes
pode dar ao ciclista o melhor de dois mundos: giro
e força nas relações altas, velocidade
nas relações baixas. Já é comum ver, nos
pelotóes profissionais, o uso de cassetes 11-28
com pedivelas 36-52, chamados
de "mid-compact". Isso oferece uma faixa muito extensa
de
possibilidades ao ciclista.
Analisando
matematicamente
Tudo tem a ver com
a razão de multiplicação de força entre coroa e pinhão. Considerando
o giro no
pedivela de 90RPM, pneus 700x23 com 210cm de circunferância e um cassete
padrão
de 12-25 dentes e 10 velocidades, vamos ver as velocidades máximas atingidas
por
cada sistema:
A fórmula utilizada
é essa:
VM = ((((CR/PN) *
CP) * RPM ) 60)/100
Onde:
VM = Velocidade
máxima alcançada
CR = Número de
dentes da coroa
PN = Número de
dentes do pinhão
CP = Circunferência
do pneu
RPM = Rotações do
pedivela
Como podemos ver, a
diferença é pequena entre as velocidades dos dois sistemas, exceto
nos
extremos. Mas percebe-se um ganho de 13 a 15% no giro em sistemas compactos,
comparando com relacões parecidas no sistema tradicional. Se considerarmos o
aumento
de flexibilidade no giro dos pedivelas compactos, fica fácil perceber
que um ciclista poderá
atingir certas velocdades com menos esforço ao se manter
em uma faixa de giro mais
eficiente. Dessa forma, ao invés de você enfrentar
aquela serra com uma pedalada
"pesada" de 50 ou 60 RPM, poderá subir
mais solto a 90 ou 100 RMP com menor
sobrecarga muscular, mantendo a mesma
velocidade.
Compacto serve pra
mim?
Depende. Servirá
muito bem você...
- compete em
regiões montanhosas
- gira solto e não
se habitua a giros pesados em subidas
- usa pedivelas
menores (172,5mm ou menos), que naturalmente favorecem giros mais altos
- não está bem
condicionado fisicamente
- é obcecado por
redução de peso na bike
- é cicloturista e
viaja com a bike de speed
Mas pode ser que
não sirva se você...
- participa de
provas de circuito em terreno plano
- pedala
regularmente em regiões sem ganhos de elevação
- possui um estilo
mais "trancado" de pedalar, e se sente bem com isso
- possui excelente
condicionamento para subir serras em relações pesadas
- é sprinter
O
sistema compacto veio para ficar, sendo totalmente aceito pela indústria e
presente em
um número cda vez maior de bikes novas. A decisão de utilizar ou
não cabe apenas ao
ciclista, que precisa ver este sistema como mais uma opção
em um ambiente que era
hermético até pouco tempo: o ciclismo de estrada.
Certamente ajudará muita gente, e
podemos esperar por mais novidades futuramente.
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