Nós vamos invadir sua praia!, por Gustavo Nogueira
Depois de uma participação satisfatória no
Tristar 111 em 2012, comecei a pensar sobre qual seria minha próxima meta. Como
a única certeza que tinha era a vontade de fazer em 2013 uma prova com a
distância de meio ironman, comecei a pensar na possibilidade de encarar
novamente um olímpico, que funcionaria como um degrau para chegar ao objetivo
principal. O problema é que pensar na distância olímpica imediatamente me fez
lembrar de um trauma: minha única prova nessa distância, feita em 2010, foi um
desastre total!
Na época, com alguns poucos shorts
completados e treinando para fazer o Long Distance de Pirassununga, acabei
menosprezando a prova. Tracei uma meta de tempo ousada demais e ignorei o fato
de ser a minha primeira vez em um olímpico. Também ignorei minha inexperiência
como triatleta e minha péssima natação. Para piorar a situação, faltando poucos
minutos para a largada meu óculos de natação arrebentou e tive que nadar com
ele remendado. O resultado dessa combinação foi catastrófico e só terminei a
prova porque tive apoio de uma grande amiga e dos professores e alunos da nossa
assessoria. Tempo? 3h09min! Trauma total, que quase me levou a desistir do Long
Distance que estava programado.
Bem, o tempo passou, fiquei afastado do
triathlon em 2011 e em 2012 voltei a participar de algumas provas. Ganhei um
pouco (pouquinho mesmo) de experiência e confiança e aprendi a me divertir mais
com os treinos e provas. Então, como vários amigos triatletas daqui de BH
estavam na pilha para fazer Santos, decidi embarcar no desafio.
O primeiro impacto do compromisso assumido
foi passar as festas de fim de ano treinando e moderando nos comes e bebes. Foi
difícil, mas descobri que é possível. Depois, foi preciso encarar um mês de
janeiro cheio de compromissos sociais, com direito a visita da minha namorada e
dos meus pais, festas de formaturas de grandes amigos, viagem com família e
para fechar, o carnaval. Tive que me virar para conseguir conciliar os treinos
com todos esses eventos e, fazendo um balanço do período, o resultado foi
positivo, pois, apesar de não ter conseguido me dedicar aos treinos exatamente
como eu queria, me sentia preparado para a prova.
Os dias se passaram e os preparativos se
tornaram mais intensos, cada detalhe foi tratado com muito cuidado e atenção.
Ainda assim, apesar de toda a dedicação, acabei esquecendo a roupa de borracha
o que me rendeu preocupação para a viagem inteira! Viagem que, aliás, foi
bastante atribulada... a queda da barreira na rodovia Imigrantes fez com que
demorassemos mais de 15 horas no trajeto. Chegamos MUITO cansados em Santos e
ainda tínhamos bastante coisa para fazer. Sorte que a galera do Triathlon BH é
muito positiva e tornou muito mais fácil encarar as adversidades que surgiram.
Chegando em Santos, o esquecimento da roupa
de borracha continuava martelando minha cabeça e como há algum tempo eu vinha
pensando em comprar uma roupa sem manga, acabei optando pelo risco: comprar um
equipamento e competir com ele sem nunca tê-lo utilizado. Normalmente sou
contra esse tipo de decisão, mas como a ausência da roupa estava me
perturbando, julguei que valeria a pena arriscar. E realmente não me arrependi.
No domingo, o sol deu as caras logo cedo e,
ao contrário do dia anterior nublado e chuvoso, o tempo ameaçava esquentar e
incomodar. Toda a programação foi seguida à risca: horário para acordar, café
da manhã, check-in da bike, alimentação pré-prova, aquecimento na água e, enfim,
hora da partida!
Apesar dos 1500m da natação, estava
extremamente tranquilo na concentração para a largada e iniciei a prova sem
afobação, preocupado apenas em nadar tranquilamente. No meio do percurso, uma
pequena confusão com as bóias ainda ameaçou me perturbar, mas controlei o
psicológico e saí da água com 30min... simplesmente inimaginável para mim! Rs
Fiz a transição com tranquilidade e comecei o
pedal me sentindo extremamente bem. Como o primeiro gel estava programado para
aproximadamente 40min de prova, tinha de tomá-lo logo no início do pedal. Nesse
momento, quase deixei a ignorância estragar minha prova. Como estava me
sentindo muito bem, pensei em não diminuir o ritmo para tomar gel e adiar a
programação da alimentação. E aí a lembrança dos treinos fizeram a diferença:
todas as vezes que havia tomado essa decisão, a alimentação ficava
comprometida. Imediatamente reduzi o ritmo, tomei o gel, água e só depois
soquei a bota!
Depois dessa decisão, o ciclismo percorreu
sem maiores dificuldades. O restante da hidratação e alimentação foram seguidos
à risca e no final do percurso, finalizado em 1h02min, continuava me sentindo
muito bem. Entrei para a área de transição com a confiança lá em cima e quando
saí para correr, ao ver o tempo de prova e estimar o meu tempo para concluí-la,
quase não acreditei: terminaria a prova com menos de 2h30min.
O início da corrida foi tranquilo, mantendo o
ritmo planejado com o Walter. O problema é que o sol não deixou barato e por
volta do km 4 as pernas começaram a demonstrar cansaço. Um gel no km 5 ainda
deu um gás extra, mas definitivamente não daria para buscar os 46min
planejados. Segurei o ritmo, caminhei em alguns postos de hidratação, mantive o
foco e fechei a corrida em 48'25”, encerrando a prova em 2:27'09”. Uau,
totalmente inesperado! No meu melhor plano, imaginava concluir o desafio em
2h35min... baixar essa meta em 8min foi MUITO motivador!
No balanço geral dessa experiência, só constam
pontos positivos, pois a viagem foi divertidíssima, a prova foi sensacional e o
aprendizado para os próximos desafios foi imenso. E para finalizar, não poderia
deixar de registrar o já batido agradecimento a todos que convivem comigo, que
torcem, motivam e sempre me apoiam nessa brincadeira. Pai, mãe, Lu, Mari, MUITO
obrigado! E Walter, é muito bom terminar a prova e perceber que você sabe e sua
equipe sabem muito o que fazem! Parabéns e obrigado
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