O doping genético é um dos maiores desafios do combate à dopagem. O conceito surgiu formalmente em 2003, na lista adoptada pela Agência Mundial Antidopagem e assume-se como umas das prioridades para os novos tempos.
Os últimos anos têm mostrado que os avanços científicos têm na genética uma das suas áreas do saber mais importantes. Se as maravilhas do progresso científico podem fazer-nos abrir a boca de espanto quando, por exemplo, nos permitem descobrir como somos formados, ao identificar-se a totalidade do genoma humano, a verdade é que, como em tudo na vida, há um lado mau: quando esse progresso científico é usado em nome de desejos perversos. Em nome do Mal.
A introdução, desde o primeiro dia do ano de 2003, do conceito de doping genético na lista da Agência Mundial Antidopagem é o mais recente sinal de que estamos perante o «doping do futuro».
Mas o que é, afinal, o doping genético? É a preparação laboratorial de células humanas que permitem reacções endógenas que ajudam a uma melhor performance física. Por outras palavras, é fazer batota (como é sempre quando se fala de doping), mas desta vez sem ter, sequer, que recorrer a substâncias ilícitas. Como? Provocando a formação de uma substância dopante no próprio corpo. Como essa produção é fisiológica, não exigindo a ingestão ou injecção de substâncias proibidas, o doping genético é invisível e indetectável. Mas ainda mais eficaz.
Há quem diga que já todo o desporto está a ser vítima desta nova técnica. Mesmo recusando uma teoria tão radical, Nélson Puga, médico do F.C. Porto e interessado nesta problemática da luta contra a dopagem, não tem dúvidas em apontar esta questão do doping genético como sendo «uma das principais preocupações a ter em conta nos próximos tempos». O médico do Porto rejeita a ideia de que «todo o desporto possa estar contaminado», mas avisa: «Se o doping genético não pode ser detectado laboratorialmente, então tem que ser a polícia a resolver o assunto!»
Doping invisível, transfusões ilícitas
O dilema é mesmo esse: como detectar o doping invisível? A produção laboratorial de mecanismos que aumentam os glóbulos vermelhos no sangue permitem a um atleta ter mais oxigénio e, com isso, mais resistência ao esforço. Toda a gente percebe que fazer isso é batota. Mas o facto é que as análises convencionais não detectam qualquer problema porque, para todos os efeitos, nenhuma substância ilícita foi induzida.
Associado a este conceito de doping genético estão métodos como as transfusões sanguíneas, as auto-transfusões e o consumo de hormonas peptídicas como a hormona de crescimento, a eritropoietina (EPO), ou ainda versões mais recentes (e mais potentes) como a NEPO e a DynEPO.
Nos primeiros casos (transfusões e auto-transfusões) são os métodos que provocam índices físicos que fazem dos atletas super-atletas. No caso da introdução de hormonas, estamos perante um problema ainda maior: são produzidos artificialmente compostos laboratoriais que provocam desenvolvimentos artificiais na capacidade física dos atletas. As meras análises à urina usadas frequentemente nada detectam há já métodos inovadores que analisam EPO por via sanguínea. Mas sobre este «doping do futuro» há apenas uma certeza: a «ciência do Bem» tem mesmo que apostar a sério nas suas investigações, para não ser vencida pela «ciência do Mal».
FONTE: http://www.educacaofisica.com.br/noticias/o-que-e-o-doping-genetico
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