" A prova.
Cerca de 100 atletas estavam
inscritos na prova Endurance 50k do XTerra Costa Verde. A largada foi
antecipada em 2 horas em relação ao ano anterior. Pontualmente, foi dada a
largada as 14:00. Pela altimetria, teríamos cerca de 10 km até a primeira das 3
subidas. Pensei, “dez para aquecer e subir a montanha”. Estava certo em uma
coisa, aqueceu mesmo, o sol queimava violentamente, e já fervia meu radiador.
Diminui meu ritmo. De todos os filhos de Tuche, eu era o último. Ansiava pela
subida, na expectativa de uma sombra. Quando me aproximei da subida, visualizei
uma íngreme cachoeira de lama, para onde o staff me orientava a seguir. Mal
conseguia ficar de pé, escorregava muito e poucas raízes para me apoiar. Ao
atingir o pico, eu vi a “nascente”, uma mangueira posicionada pela organização,
espirrando água morro abaixo, sinistro. Voltei a correr. A próxima cena ficou
marcada na minha memória. Do alto do morro, com uma vegetação baixa, eu via adiante
uma longa descida, seguida por uma enorme subida, que parecia ter a altura de
um prédio de 12 andares. Vários corredores escalando aquele “prédio”. Segui em
frente, encantando com o visual. Já no km 15 começava uma longa subida no
asfalto da RJ-149, com cerca 5 quilômetros, chegando ao ponto mais alto da
prova, 219m. Então, desci até o km 25 (com aproximadamente 3:30 de prova,
reabasteci minha mochila) e fiz o caminho de volta no “prédio”, a última grande
subida. Mas, a noite já tinha caído. Me encontrava no meio no nada. Além das
estrelas do céu, somente a minha headlamp
brilhava naquele local. Nenhuma luz a frente, nem atrás, era difícil achar a
trilha naquela escuridão. Os insetos voavam de encontro a luz, batendo contra o
meu rosto. Tentava correr, mas tropeçava no terreno irregular, então andava num
ritmo lento e solitário. As vezes, encontrava algum staff perdido no mato,
congelando de frio. Sim, a esta altura a temperatura já tinha mudado bastante.
Quando cheguei no km 30, onde deveria ter o special
needs, água, gatorade e gel, além do tempo de corte, nada encontrei, a não
ser milhões de copos plásticos jogados no mato. Parece besteira, mas o
psicológico, em situações de alto desgaste, sofre altos e baixos momentos em
questões de minutos. E o meu foi lá pra baixo, segui pois não tinha nada mais a
fazer. Cheguei num trecho plano de terra batida e voltei a correr, já
visualizando as luzes do Resort, fiquei mais animado. Ao me aproximar da linha
de chegada, imaginei que meu GPS estava quebrado, pois marcava 40k. Doce
ilusão, passei a 500 metros da linha de chegada e comecei a me distanciar
novamente. Um pouco confuso, pois tinham vários atletas correndo os 9k.
Finalmente, vi um rosto familiar, joguei a luz no rosto do Fabrízio e o
cumprimentei. Ele não parecia muito animado, mas fiquei feliz em vê-lo e tentei
acelerar, imaginando alcançá-lo. Mas, 8 km no escuro e atravessando rios, ainda
nos separavam, como pude perceber. Então, lembrei da dica do amigo Pedro Scripilliti,
e injetei um Clif Double Expresso Turbo Shot na veia e só parei na chegada. Lá,
me aguardavam minha esposa Fernanda, meu filho Lucas, e meu parceiro e grande
amigo Eduardo Gomez.
Colocação
|
Numeral
|
Atleta
|
Tempo
|
Equipe
|
18º
|
3050
|
ASHBEL DE STUTZ E ALMEIDA
|
05:54:38
|
WALTER TUCHE
|
?
|
3101
|
ROGER DE ABREU CARDOSO
|
05:59:34
|
WALTER TUCHE
|
21º
|
3047
|
MAURO SILVA DA COSTA
|
06:05:59
|
WALTER TUCHE
|
27º
|
3039
|
FILIPE F. MEIRELES
|
06:23:55
|
WALTER TUCHE
|
31º
|
3035
|
FABRÍZIO RUBINSTEIN
|
06:38:44
|
WALTER TUCHE
|
45º
|
3029
|
ANDRE LUIS CAULA
|
07:23:14
|
WALTER TUCHE
|
Imagino que organizar uma prova
como esta não seja uma tarefa fácil. Mas, algumas semanas depois de ter feito a
inscrição, recebi um email da organização informando sobre novas exigências
para a prova, que incluíam atestado de saúde, termo de responsabilidade,
determinados itens obrigatórios e que não seria distribuída água em copo
descartável, cada corredor deveria ter sua própria garrafa. Houve muita confusão durante a retirada do
kit e antes da largada, por conta destas “novidades”. Apesar de achar que a
organização deveria ter visto e informado isto com mais antecedência, estas regras
são comuns em provas de corrida de montanha internacionais, o que na minha
opinião mostra que os organizadores estão preocupados em relação as suas
responsabilidades em caso de acidentes, mas também em melhorar a segurança dos
competidores e em reduzir o impacto ambiental deixado pelo lixo produzido pelos
atletas (mas infelizmente não funcionou para esta edição, pois o lixo produzido
não foi pouco). Com exceção do km 30, houve farta distribuição de água, e
suplementos, percursos bem demarcados e uma excelente localização para este
tipo de prova.
Por Fabrizio
" Há um ano atrás eu enfrentava meu
primeiro e espero último cálculo renal. Dois dias internados e a recomendação
médica de ser mais rigoroso com a hidratação durante os treinos eram as
informações que os amigos da Assessoria tinham. Mal sabia que em menos de uma
semana depois, seria diagnosticado com uma hepatite medicamentosa. Meu fígado
avisou que um repouso absoluto era necessário. Faltavam 45 dias para o ½
IronMan de Miami e precisei me conformar com a realidade. Era preciso entender
que o descanso era uma imposição orgânica. Restava obedecer e confiar na
palavra do treinador de que eu estaria pronto para correr o Cruce de Los Andes
(ultramaratona de 100km em três dias nos Andes) com apenas 60 dias de
treinamento. E assim foi feito. Meu desejo de correr na capital da República,
minha terra natal levou-me a inscrever na Volta do Lago (ultramaratona de 100km
em apenas um único dia). Haveria um intervalo de quatro meses, período
considerável para uma rápida recuperação, mas sem perder a base de treinamento.
Entretanto, no meio do caminho, tinha uma pedra. A pedra foi chamada de X-Terra
Ilhabela (ultramaratona cross-country de 80km). Prova dispensável do ponto de
vista físico, mas importante para conseguir vaga na etapa européia de corrida
cross-country que sempre tive intenção de fazer. Chego nos primeiros seis meses
do ano com três ultramaratonas completas e uma condição físico-mental já
debilitada. Por motivos obviamente irracionais, acredito ter condições de
realizar mais uma etapa do circuito X-Terra, agora em Mangaratiba
(ultramaratona cross-country de 50km). A mente advertia que essa prova só
poderia ser feita se fosse realizada em ritmo de parcimônia. Mas engana-se quem
pensa que a mente controla o corpo. Trata-se de uma parceria, meus caros. Na
largada da prova, a mente experiente indica um ritmo confortável para realizar
a etapa. O cuidado com a hidratação diante de um forte calor. A companhia do
amigo Filipe e seu eterno enjôo nos primeiros 20km de prova. Aproveito o ritmo
moderado para descansar. Sei que quando o miserável do Filipe se recupera a
brincadeira fica séria e a pancadaria começa na frente das crianças. A prova é
dura, mas nada que assuste. Lamento que não seja distribuído nada além de géis.
Eu precisava de algumas frutas e só. Mas, nada vem. Meu estômago começa dar
sinais de enjôo. As subidas fortes fazemos. Anoitece e nos sentimos aliviados por
termos concluído mais de 2/3 de prova ainda com a iluminação natural. Dali pra
frente é só levar a carcaça para a linha de chegada. Dispenso a companhia do
miserável do Filipe que, a essa altura, totalmente recuperado imprimia um
forte ritmo de 6:30min/km (rs). Meus últimos 15 quilômetros foram feitos apenas
administrando o cansaço. Um cansaço diferente de todos que já senti. Não era um
cansaço específico vindo de alguma região do corpo. Sem qualquer câimbra, por
exemplo. O cansaço era de quem se encontra esgotado não por apenas uma prova,
mas por ter corrido quatro ultramaratonas em apenas oito meses. Mas a vaidade é
uma merda. Da linha de chegada direto para o hotel. E hoje, ao ser perguntado
pela Lúcia Glioche, não soube responder quantos quilômetros já corri este ano.
É, se nem sei responder é porque está na hora de parar. É preciso entender e
respeitar que o descanso é uma imposição orgânica. Resta obedecer e confiar na
palavra do treinador de que eu estarei pronto para correr o (a)..."
Por Fabiana Albuquerque
" Já assisti a vários ironmans em diferentes cantos do mundo, várias provas de triathlon, e desde a primeira prova de Xterra que fui em Mangaratiba, fiquei encantada!!! Definitivamente a melhor prova pra se assistir, pois a vibe da galera é contagiante, o lugar é incrível e nao é uma prova demorada. Além do que podemos aproveitar e passar um final-de-semana delicioso do lado da família unindo o útil ao agradável. Minha filha participou pela segunda vez da corrida Xterra Kids (e olha que ela não tem nem 4 anos ainda!!), e adorou!! O mais legal é que esse ano ela ficou na maior expectativa, junto com a gente. (O meu marido, Eduardo Gonzalez tb participou! Aliás, parabéns! Ficou em quinto lugar!).
Essa foi a prova que na verdade
marcou minha entrada no WT assessoria esportiva. Ano passado participei do
revezamento com Fernandinho Junqueira e Maria Clara. Fiz a corrida tb!!Tava
super bem treinada, fiz em 1 hora e 4 min!! Demais!! Mas o que mais me animou
foi ver a equipe WT e a sua uniao. E muitas mulheres lindas e loiras, com unhas
pintadas (rsrsrs) entrando na equipe! Vi que se nao encontrasse minha turma
ali, nao encontraria em lugar nenhum!! rsrsrsr... Enfim, a partir dali comecei
a treinar com o WT!! Porém esse ano, mal consegui treinar. Pra ser sincera
voltei mesmo há um mes, e sabia que nao estava preparada pra essa prova! Mas
como eu queria muuuuito fazer, tentei arrumar uma equipe! E arrumei uma SUPER
EQUIPE! Dudu Gomez e Brasilia!!! Ta ruim?? Alias agradeço aos dois por terem
espírito esportivo, tava super tensa em nao correr bem (como de fato
aconteceu) e ele ficarem chateados, mas na verdade o que aconteceu foi o
contrario! Nunca vou esquecer dos gritos deles me incentivando quando eu estava
cruzando a linha de chegada!!! Com certeza, vi a falta que faz estar treinada!
Como disse o Fernandinho, os quilômetros mais dificeis da minha vida!!!!! Agora
é não parar de treinar e que venha o próximo!!
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