por Valeska Velloso
10 de novembro de 2012.
O convite veio da minha amiga e
companheira de treinos Maria Clara Daniel para participar da Maratona Cross
Country de Búzios. Fiquei super feliz e não pensei duas vezes, apesar de saber
que estaria substituindo seu marido Pedro que havia se machucado. Pra variar já
bateu aquele friozinho na barriga que sempre sinto quando me inscrevo numa
prova (e só termina depois dela) e ao mesmo tempo a auto-cobrança que sempre
faço de querer “fazer bonito” na prova, colocando em prática todos os
ensinamentos e técnicas que aprendi com meu treinador e sua equipe durante o
treinamento, bem como a troca de experiência que tenho com meu marido Marcos
Thunder, meu maior incentivador nas corridas. Acrescente-se a responsabilidade
que estava em minhas mãos, ou melhor, nos meus pés em substituir meu amigo
Pedro.
Assim formamos uma dupla!
Cacaia faria o primeiro trecho
que se iniciaria às 7h saindo da Rua das Pedras, passando pela Orla Bardot,
João Fernandes, subida e descida do Mirante no Centro, Estrada da Usina final,
Mirante do Forno, Estrada Forno-Ferradura, canto esquerdo e direito da Praia da
Ferradura, passando por trilhas, incluindo a trilha de Albatroz até o Alto,
canto esquerdo e direito de Geribá, passando por toda a Praia de Geribá e pelo
Beachclub e, finalmente, passando pelo canto esquerdo de Tucuns, passando por
toda Praia de Tucuns, finalizando seu trecho depois de ter subido e descido
muita “piramba” de paralelepípedo, areia dura e terra, onde em determinado
trecho da trilha se formou uma fila indiana para brincar de Jane se agarrando
num cipó.
Feita a transição iniciei meu
trecho pelo canto direito da Praia de Tucuns, subida e descida da Trilha das
Emerências (Mirante das Emerências – Asa Delta),
José Gonçalves, subida (Pró Lagos) e descida da Fazendinha, Estrada da Baia
Formosa, Hotel Ariau, Praia Rasa (Yucas Búzios), Manguinhos, Costeira de
Manguinhos com Tartaruga, Costeira da Praia da Tartaruga, passando pela Praia e
trilha que liga finalmente à rua das Pedra.
De
início já peguei um pouco de areia fofa e minha primeira “piramba”, a trilha
das Emerências! Muita terra vermelha batida com uma enorme falha dividindo a
passagem, com muitas pedras soltas pelo caminho, cercada da mata nativa, o que
foi aumentando na descida da trilha, dificultando mais ainda a corrida. Saber
aonde pisar era uma decisão que tinha que ser tomada rapidamente para não
provocar nenhuma torção no tornozelo. Nas descidas lembrava muito das lições do
meu Thunder “Solta o freio!” hehehehe. Foi o que fiz sempre atenta no terreno. Pensando
nessas partes da prova em trilhas optei por usar o tênis New Balance Minimus MT10OB,
deixando meus pés mais próximos da terra!
As dificuldades continuavam e não foi diferente durante todo o restante do percurso com mais trilhas em terras batidas, pedregosas, passando por praias, portanto correndo em muita areia dura e fofa, pouca coisa de asfalto, corrida na água da Praia da Tartaruga que estava com a maré alta e muuuiiiitaaas pedras na costeira da Praia da Tartaruga, parte mais difícil do percurso, já que as pedras molhadas pela água do mar e da chuva se tornavam mais escorregadias e perigosas (escorregar nessas pedras resultaria em lesão OU cair no mar, finalizando esta parte da prova nadando! Mas a prova era de corrida e não de Duathlon! RS).
Após
ter finalizado toda a costeira da Praia da Tartaruga, cheguei a pensar que
havia superado todas as dificuldades da prova, mas para minha surpresa apareceu
na minha frente minha última “piramba” e esta a mais perigosa por ser muito
íngreme. Nesse momento, a subida era em fila indiana e a cada passada encaixava
o pé numa espécie de degrau esculpido naturalmente, quase uma escalada, só que
sem cordas e mosquetões, apenas agarrada no capim e raízes de plantas. Num
determinado momento acabei soltando uma das mãos do mato em que estava agarrada
e me desequilibrei caindo para o outro lado como uma jaca em cima do mato, onde
fiquei por alguns momentos com uma crise de riso de toda a situação. Atrás de
mim, só havia homens que ofereceram ajuda e gritavam “segura ela! Segura
ela!”. Gente, vocês não imaginam como
esta parte foi perigosa! Se eu tivesse perdido totalmente o controle da
situação e entrasse em pânico, teria caído para trás. Sabem aonde eu cairia né?
Lá em baixo NAS PEDRAS DA PRAIA DA TARTARUGA!!!! E de quebra ainda faria um
strike humano!
Portanto,
a prova exigia muito treinamento técnico e psicológico diante de todos os
obstáculos naturais presentes durante todo o percurso até então inexplorado, do
começo ao fim da prova, mas que foram superados devidos aos muitos treinos de
subida e descida com minha parceira Cacaia pelo Joá e pela Estrada Dona
Castorina que nos leva até a Cachoeira, Vista Chinesa e Mesa do Imperador,
incluindo um Trail Run com o Professor Dudu na Floresta da Tijuca, corrida na
areia fofa (que passei a gostar só porque era para a Maratona de Búzios! RS) e
muitos exercícios funcionais feitos na tenda como abdominais e pontes visando o
fortalecimento muscular da região do core.
Quando a gente corre um percurso de
média/longa distância, incluídas as dificuldades da prova, muitos pensamentos passam
pela nossa cabeça. Como falei acima, lembrei-me das lições de descida do
Thunder, da última trilha que fiz com o Professor Eduardo Gomez; lembrei-me do
Roger Cardoso com as dicas para a subida “suba nas pontas dos pés como
bailarina!”; também me lembrei das dicas do Professor Gabriel Pagani: “abdômen
de pedra! Sorriso no rosto!”, e claro, lembrei-me do meu treinador dizendo “
Soca a bota!”
Com todo o treinamento e com todas
essas dicas, bem como com toda a energia envolvida na prova, desde a
organização, da torcida de amigos, dos atletas que a todo o momento, mesmo se
conhecerem e de equipes diferentes, se mostravam solidários aos outros em
momentos difíceis dizendo palavras de força, o resultado não poderia ser
diferente: Eu e minha amiga Maria Clara Daniel conquistamos o 7º lugar na categoria
Dupla Feminina concluindo a prova em 04:44:26!
Valeu Walter Tuche e toda Equipe de
Professores pelos ensinamentos! Ao meu querido Thunder, meu maior incentivador,
meus queridos amigos Maria Clara Daniel e Pedro Lorenzo Roncisvalle!
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