domingo, 1 de setembro de 2013

BRASILIA 70.3 - ULTIMOS E IMPORTANTES RELATOS

Ja se passou uma semana e agora que tive tempo para escrever alguma coisa sobre a prova do ultimo domingo....
Depois de 3 anos dedicados a corrida, pouco tendo pedalado e muito menos nadado, resolvi voltar as provas de triathlon.  Incentivado por um amigo estreiante no esporte, me inscrevi para o 70.3 comprado com a idéia de me dedicar aos treinos, principalmente de ciclismo e natação, este meu ponto fraco desde sempre!!
Para os que não me conhecem, ja fiz alguns Irons, meios, maratonas e diversas outras provas de corrida e triathlon.  Atleta amador no maior grau, aonde dedicação e esforço sempre foram meu forte!!
Inscrição feita foi chegada a hora de correr atras do prejuizo no pedal. Voltei a acordar na madruga, alternando treinos no aterro e na praia.  Sacrificio muitas vezes prejudicado pelas diversas viagens a trabalho realizadas durante a semana.  A evolução durante os 3 meses e meio de treino foi enorme e já me trazendo alguma confiança para completar os 90km.  A corrida, na minha cabeça, não seria um problema.  Estava bastante treinado e as parciais nos treinos de transição me deixavam certo que o tempo da meia estava garantido.  A natação, bem, a natação seria um desafio a parte... Que nosso coach pule essas linhas, mas se entrei na piscina 3 vezes foi muito. Isso porque nadei a ultima vez no Iron de Cozumel em 2010.  Tudo errado nesse quesito, estava ciente disso, mas na minha cabeça poderia passar por isso sem muitos prejuizos na prova, apesar da experiencia do passado me dizer o contrario!!!
Chegamos em BSB sexta a noite e um show na cidade ja anunciava uma noite complicada....
Sabado acordamos sem pressa e partimos para pegar kits e fazer os ajustes necessarios nas bikes (escrevo no plural pois tive sempre a companhia do "novato" e amigo Bruno Autran nessa aventura).  Tudo correu sem grandes surpresas, sem falar na tensão de um pedal da bike a ser colocado que quase tirou o Autran da prova... Rs.  Tudo resolvido, check in das bikes realizado, itens de transicão entregues e prontos para o dia seguinte.
O calor do sábado já anunciava uma prova em condições extremas de temperatura e humidade do ar.
Acordamos as 4:30, depois de tendo praticamente participado de toda a programação do show sertanejo Brasilia que acabou as 3:30!!! Oh, what a night!!!
O frio da madrugada, por volta dos 13 graus quase me fez ficar arrependido por não ter levado manguitos para a prova.  Ledo engano.... Alinhados na natação, a temperatura da água foi um sinal para um atleta que costuma sofrer com baixas temperaturas. ... Estava morna e super agradavel.  Encontramos com outros da equipe e caimos na água para alinhar para largada.  Talvez por ter treinado pouco, estava super relaxado e tranquilo com a largada na água.  Meu ritmo seria lento sem nenhuma pretenção de "fazer tempo" na modalidade.  Foi o que ocorreu.... Sem a correria tradicional de uma prova aonde largamos na praia, a saida de dentro da agua não evita os tradicionais coices e braçadas ate que os atletas encontrem seu ritmo e cada um siga sem "transito".  Nataçao feita sem correntes apesar do sol nascendo na nossa direção impedir de visualizar a primeira boia.  Depois disso tudo certo....
 Ja na bike, estava pronto para um percurso plano e sem vento, como alguns outros atletas comentaram nos dias anteriores.  Mas o que seguiu foi uma sucessão de subidas, falsos planos longos e muito vento vindo de toda parte!! Teria sido intriga da oposição? Vai saber... Só sei que acabei fazendo mais força que o programado para manter a média.  Hidratação da prova estava perfeita e apesar do tempo quente e seco, não foi nem de perto necessario pegar uma nova caramanhola em todos os postos.  A pouca fiscalização e percurso lento, devido a uma série de retornos e quebradas deram a chance para formação de alguns pelotes, mas não vou entrar nessa seara polêmica!!
Talvez por ter feito mais força do que o normal ou mesmo errado um pouco na hidratação devido ao clima muito seco,  comecei a sentir um pouco de caimbras no km 80!! Vale disser que é muito raro eu sentir algo do tipo....
Bike entregue parti para a transição confiante na minha corrida e que aquelas caimbras iriam passar a medida que a corrida entrasse no ritmo natural.  Logo de saida encarei pela frente uma subida inesperada e com as pernas ainda travadas me fizeram quase andar antes de 2km.  Peguei uma banana mas logo descartei pois não costumo comer correndo e decidi pelo gatorade.  Primeira volta muito sofrida, alternando subidas, descidas e ate parte na calçada, o que considerei  o percurso muito ruim.  O trajeto que corrermos junto ao lago era extremamente apertado muitas vezes dificultando ultrapassagens e misturando atletas com pessoas utilizando a área como lazer num domingo de sol.  Este então estava animado no dia!!! Temperatura de mais de 30graus sem nuvens ou mesmo sombras no caminho.... Na segunda volta resolvi testar os saches de sal dados pela organização para aliviar as dores. Tomei um em cada posto durante 3 ou 4, não lembro exatamente, só sei que junto com a coca-cola foi o que me deu gás adicional para encaixar um ritmo um pouco melhor e fazer com que a cabeça parasse de me derrubar.  Correndo pesado mas dessa vez mais confiante, passei diversos atletas na ultima volta sofrendo com dores musculares e muita caimbra. 
Apesar da experiência, terminei a prova na raça depois de pensar em desistir em alguns momentos criticos.  Passei longe do meu objetivo inicial quando resolvi fazer a provas naqueles 3.5 meses atras, mas muito feliz em ser "finisher" em uma prova onde as condições muito duras fizeram desta um grande desafio desde o inicio.
 Henrique Villela
 
 
 
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Primeira prova. Só isso já basta para a ansiedade bater. Quando a primeira prova é em Brasília - com ventos fortes, sol rachando, mais de 30 graus de temperatura e umidade abaixo de 15% - só mesmo lembrando das longas horas de treino e do que foi abdicado para que se pudesse cumprir tudo que estava programado nas planilhas semanais. A recordação do que foi sacrificado em prol da preparação para a prova é a única coisa que impede de a ansiedade de virar desespero. Mesmo quando um maldito festival de pagode fica tocando a todo volume, durante a noite inteira, nos dois dias anteriores à prova - impedindo o sono de todos (logo quando mais precisávamos).

Dia da prova. A ansiedade aumenta. É hora de colocar em prática tudo o que foi treinado e planejado. Os objetivos e estratégias estão traçados. Foco no processo. Café da manhã. Chegar cedo na prova. Última checagem no equipamento. Hidratação. Concentração pré-prova. Repassar pela última vez tudo o que foi planejado.


É dada a largada. Não é hora de se cansar. Braçadas longas e foco no deslize. Não é hora de se aborrecer porque o sol não deixa ver a bóia ou por conta das cacetadas que se toma dos outros. Foco na respiração. Os 35' estão de bom tamanho.


É a vez da bike. Como disse o Walter: "Senta a pua e se diverte".  É aqui, onde me sinto melhor, que planejei "fazer minha prova". E assim parti. O que não contava é que a prova tinha os planos dela. E que este seria o momento mais duro. Parecia que o vento vinha de todas as direções. E vinha forte. E vinha acompanhado de várias subidas e descidas e "cotovelos" que obrigavam a reduzir a velocidade a quase nada. Manter uma boa média sem se cansar em excesso era difícil, quase impossível. Por tudo isso, foi grande a satisfação com o resultado dessa perna.


Finalmente a corrida. E o pedal cobra o preço. A perna trava, totalmente, logo na saída da T2. Logo o medo veio: DNF. Impossível correr os 21 km. Mas talvez conseguisse pelo menos uns 3 km, pensei. Foi um inferno, mas ao fim dos 3 km a perna já não doía tanto. Vou fechar a 1ª volta. Vejo os amigos da equipe também lutando contra as próprias pernas e isso me dá forças. Quem sabe mais uma volta... E agora que estou aqui a dor já não importa - vou até o fim. Pouco menos de duas horas de sofrimento depois (Walter, a ideia não era se divertir?) e enfim alcanço a linha de chegada.


A prova me ensinou muito. Se prepare bem, mais do que você julgue ser suficiente. Seja humilde e trace objetivos factíveis. Seja flexível, ninguém tem domínio sobre as condições da prova. Persevere e acredite, a linha de chegada está "logo ali".


Próximo passo: Ironman 2014!!! Sorte (sorte!?!?!) que ainda tem muito treino pela frente...


Rodrigo Aquino

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Não tenho do que reclamar do meu primeiro Ironman 70.3. Apesar de todos os avisos sobre o ar seco de Brasília, não senti absolutamente nada durante a prova inteira. Sinceramente não sei quão seco estava o ar no dia da prova, só sei que me hidratei muito bem (água, Malto e Gatorade) durante toda a prova e funcionou. Não mexi na minha alimentação habitual, Acell Gel e cápsulas de BCAA e Sal. Sei que muitos acham loucura não comer nada salgado e não mastigar nada, mas pra mim funciona muito bem.
Parte da ansiedade em relação a natação foi controlada ao conhecer a raia na véspera. Água quente, sem marolas, correnteza pequena na véspera (zero no dia da prova). Wetsuit nova testada também na véspera para evitar surpresas desagradáveis na prova. Óculos novo comprado (mesmo modelo, porém com lente mais clara – não gostei da visibilidade do meu ao testar na raia da prova). Atendimento fisioterápico para aliviar a dor cervical e escapular que me incomodavam muito desde quarta-feira.
Deixei as cagadas pro ciclismo. Inventei de experimentar prender os géis no quadro na véspera. Não funcionou, mas percebi ao ir para o Bike Check-in pedalando no sábado e abandonei a idéia. A outra cagada foi deixar para a manhã da prova o ajuste final da altura da mangueira de hidratação do sistema integrado da Shiv. Juntamente com o pagode da casa de shows ao lado do hotel isso me custou a noite de sono.
Na manhã da prova, com a ajuda do Rafa e da Isa fiz meu Bike Hidration Fit Tabajara que funcionou perfeitamente durante a prova, a ponto de eu não tocar na minha caramanhola.
Mas, comecemos pela natação, energia sensacional na largada, o trio se dirigiu para longe da margem para buscar uma largada mais tranquila, e a tática funcionou perfeitamente. Só fui encostar em outro atleta na primeira bóia e no trecho curto entre a primeira e a segunda. A partir daí, optei novamente por um trajeto mais aberto e nadei quase sozinho. Incomodo na água só um pouco de sol na cara que nada atrapalhava a visualização das bóias. Resultado, natação melhor que a minha expectativa em 3 minutos.
T1 – a dúvida do que usar e levar me fez atochar o saco da transição com coisas inúteis, resultado, 8 minutos de transição.
 
Bike – Circuito cheio de subidas, curvas em cotovelo, descidas, vento contra e a favor, um bom exercício para aprender a usar as marchas. Máxima de 56km/h nos momentos favoráveis. Mas a media ficou mesmo pouco acima dos 32 km/h, dentro do meu esperado, já que desde o Le Etape só tinha ido pra estrada uma vez e pra pedalar 60 km, meu maior treino para Brasília. A média estava 33,5 até o km 60, mas na terceira volta lembrei de todos os treinos que matei.
T2 – Mais 4 minutos e meio, definitivamente a transição não é minha especialidade.
 Run – Saí pra correr inteiro e sem perceber meti 4:30 no primeiro km, decidi segurar e manter 5:10 que achei que era um pace prudente. Ainda no segundo km uma cãimbra forte no quadriceps esquerdo. Minha cabeça foi tomada por um “fudeu” enorme, mas pensei “se é pra parar só paro quando travar” e fui diminuendo o pace mancando. A tática deu certo, em aprox. 1 km a cãimbra passou e voltei para o meu 5:10. A idéia era segurar 5:10 nos primeiros 10 km e socar a bota a seguir, para fechar a prova em 5:20:00. Não deu certo. A primeira parte até funcionou, mas depois eu não soquei a bota, o cansaço me socou e suei pra manter os 5:21 de média final.
Organização: Perfeita, só pecou na escolha dos trajetos de Bike e Run, se bem que não se pode dizer que pecaram, e sim que dificultaram, mas, quem disse que era pra ser fácil?
Lição – Treinar mais e entender como não jogar preciosos 5 minutos no lixo em transições mal feitas.
Saldo – Manquei um pouco no domingo pós prova por conta de uma dor residual atrás da patela direita, resolvida com a ajuda do Foam Roller (obrigado pela dica Zé, ele foi dentro da mala pra Brasília). Segunda-feira não parecia nem que eu tinha treinado na véspera, quanto mais feito um 70.3, zero dor. Acho que deu tudo certo então.
A única coisa ruim é depois de todo o esforço perceber que você não é nada, só um MEIO Iron man.
Edgar “Bolívia” Solano

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70.3 Brasília 2013: Sofrimento de um novato


Essa foi meu primeiro evento da série IronMan, e foi uma experiência única! Diversos anos da minha vida foram dedicados ao esporte de alta performance, desde cedo na natação, depois no basquete, mas desde 2002 sem o gostinho de competir. A prova de Brasília no último Domingo me relembrou o quanto é bom competir, mesmo que consigo mesmo.


Como diversos atletas já falaram, a estrutura estava nota 1000! Tudo organizado, local perfeito e clima de competição no ar. Chegamos na Sexta, pegamos kits, montamos as bikes, e depois um belo jantar para manter o clima descontraído da galera. No Sábado, fomos para o congresso técnico e mais tarde para o bike check-in e pintura dos números. Nesse momento, a realidade começa a bater um pouco, e comecei a concentrar na pedreira que tinha pela frente. 

 Já tinha montado minha estratégia de prova, mas como novato no esporte, errei feio! Estava muito confiante e não prestei atenção aos detalhes que fazem a diferença. Escutei de todos, "Gustavão, senta o pau que vc ta preparado!" Só que esse incentivo, para quem já foi atleta é um pouco diferente. Minha confiança estava alta, pessoal incentivando, a estratégia montada, concentrei na prova com um único objetivo: sentar a porrada. Erro número 1.

 No dia, cheguei cedo, arrumei os últimos detalhes e comecei a concentrar para a natação. Diferente de alguns, estava super tranquilo, natação é o esporte onde eu me sinto mais confortável por nadar desde 2 anos de idade. O objetivo era fazer entre 30 e 35 min. Entrei na água cedo, e fiquei esperando tentando achar um lugar no meio da galera que desse uma brecha para nadar no meu ritmo. Largamos. Os primeiro 900mts, foram fortes mas sob controle. Sempre controlando a ansiedade e procurando manter uma distancia da galera mas ao mesmo tempo vendo onde os líderes estavam. Aí começou um problema que transformou minha prova: caimbra! As primeira apareceram entre os 1000 e 1200 mts, resolvi dentro dagua e segui em frente. Fechei a natação com 34 min, dentro do objetivo e saí confiante para o pedal.

 Os primeiros 30km do pedal foram fortes, o percurso era muito duro e fiquei concentrado em manter a média definida na estratégia, 35km/h. Muitas subidas, muito vento, em consequência, mais força no pedal! Erro número 2, ignorei as condições da prova e não ajustei a estratégia. Na segunda volta, perto dos 50km de pedal, as caimbras voltaram. Segui em frente, forçando cada vez mais as pernas que estavam cada vez mais travadas. Erro número 3. Fechei o pedal com 2:42 min, e 33 km/h de média, mas já estava pagando o preço pelos meus erros.

 Entrei para a T2 e saí para correr. Nesse ponto da prova, a minha cabeça atuava mais do que o físico. As dores nas pernas eram suportáveis, e com isso segui em frente. Nos primeiros 300 mts, as dores começaram a aumentar e foi quando por volta dos primeiros 400 mts, que as pernas pararam de funcionar. Fiquei parado uns 10 segundos e tudo passou no meu pensamento. Não conseguia mexer as pernas, todos me passavam, e eu só concentrava uma coisa: seguir em frente. Fui tentando andar aos poucos, depois de muito esforço, comecei a trotar. Foi muito difícil, mas consegui voltar a correr, até que as dores voltaram por volta do km 4 e não pararam até o final da prova. 

 Durante a minha primeira volta, encontrei com o Marcos Dantas, Rodrigo Regis e Leonardo Beer, que ajudaram com palavras de incentivo. Na segunda volta, foi a vez do Bruno Autran incentivar e correr comigo pela maior parte do percurso, até entrarmos na terceira e última volta. Aí, já não tinha mais preparação física, as dores nas coxas eram insuportáveis e a única coisa que passava pela minha cabeça era chegar no próximo posto de hidratação. Até que, ao chegar no km 19, já não aguentava mais de dor e tive que pedir ajuda médica. Imediatamente, colocaram gelol e gelo e as dores começaram a diminuir. Foi quando o médico virou pra mim e falou: "Amigo, acabou para você!" Acho que ele não sabia o que estava falando! rsrsrs Nunca fale para alguém desistir dos seus objetivos. Isso não passou pela minha cabeça em momento nenhum da prova. Eu virei para ele, e falei: "Dr, eu sofri até aqui. Eu vou completar essa prova e ninguém vai me fazer desistir!" Voltei a trotar, ou melhor me arrastar pelos 2km finais da corrida. Quando estava chegando, o companheiro de treino Jefferson me alcançou e me ajudou até o final, gritando: "Vc vai entrar correndo! Tem que entrar correndo!" Foi o que fiz. Não sei como! Já estava anestesiado de tanta dor, a cabeça já estava praticamente zerada de tanto focar na chegada que quando completei a prova, desmoronei. Fui carregado pela equipe médica da prova, direto para a massagem e aplicação de gelo, onde só comecei a melhorar depois de uns 45 min.

 Meu tempo final foi de 5:58, segundo comentários, um bom tempo pra quem está fazendo o primeiro 70.3. Mas para mim, foi muito mais que isso. Essa prova me ensinou diversas coisas, ultrapassei meus limites e paguei por isso. Valeu muito o aprendizado. Desde coisas simples como detalhes de nutrição e hidratação, como não se deixar levar pela confiança exagerada, e principalmente, não ignorar os detalhes antes, durante e depois da prova.

 Agora, que venha o próximo Iron 70.3, em Outubro em Miami! E depois, preparar para a pedreira em Maio 2014, em Floripa!

 Gustavo Costa








 

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