Treinos de
montanha, dicas (parte 3)
Temos
visto cada vez mais atletas se dedicando aos treinos de montanha. A conquista
de uma montanha emblemática ou a melhora do tempo pessoal em um trajeto
habitual ou onde há uma grande concentração de ciclistas querendo estabelecer
um recorde de percurso torna-se a cada dia uma motivação a mais para esses
treinos.
Iremos
enumerar alguns itens que podem lhe ajudar nesses treinos:
- Segurança – publicação no dia 23/12
- Posição das mãos no guidom – publicação no dia
23/12
- Frenagem – publicação no dia 23/12
- Posição do corpo no selim (ou fora) – publicação no
dia 25/12
- Troca de marchas – publicação no dia 25/12
- Cadencia – publicação no dia 27/12
- Qual o numero de dentes dos pratos do pedivela
a utilizar: compact, mid compact ou
normal – publicação no dia 27 /12
- Como
calcular a inclinação de uma montanha –
publicação no dia 29/12
- Como as montanhas são categorizadas – publicação
no dia 29/12
· Cadencia
Esse
item é um termo muito questionado numa subida. Qual a cadencia ideal para um
subida?
Numa
breve explicação e já citado anteriormente, toda relação de marchas é responsável
por uma metragem de deslocamento (em metros), ou seja , a cada ciclo de
pedaladas em marchas mais leves o ciclista se desloca menos, e em marchas mais
pesadas se desloca mais. (uma relação 34 x 28 desloca a bicicleta 2,55m por
pedalada, enquanto uma relação de 53 x 11 desloca 10,10m).
Pensando
nesta metragem exemplificada acima , pedalar muito “leve” se não for necessário
em função da falta de força e grau de inclinação de uma montanha, é perder
metragem de deslocamento.
Muito
se fala que as cadencias ideais para subir serão entre 60 e 70 rpms , mas para
saber ao certo a cadencia de subida, deve-se avaliar a inclinação da montanha a
frente . Em montanhas até 4 a 5% de inclinação, uma cadencia nessa faixa não é tão
complicada de se realizar , mas montanhas acima de 9% de inclinação , manter um
cadencia de 70 rpms só será possível para indivíduos muito treinados ou com uma
relação de marcha muito leve.
Nesse
segundo caso vale avaliar a metragem de deslocamento. 34 x 28 = 2,55m ; 34 x 26
= 2,74m; assim em cada pedalada ganha-se 19cm. Caso o ciclista consiga manter o
mesmo numero de pedaladas nessas relações, a mais pesada é mais vantajosa, pois
desloca mais.
Ex:
60 rpm x 2,55m (34 x 28) = 153 metros / minuto ; 60 rpm x 2,74m (34x26) = 164,4
metros / minuto
Porém
se sua pedalada numa marcha mais pesada fica muito menor que na mais leve,
muitas vezes vale usar a marcha mais leve com cadencias mais altas.
Ex:
60 rpm x 2,55 (34x28) = 153 metros / minuto ; 50 rpm x 2,74 (34x26) = 137m.
Nesse
caso a relação mais leve com uma cadencia maior será mais vantajosa.
Devemos
observar qual a característica do ciclista quando pedala no plano. Caso ele
tenha cadencias mais altas a tendência na subida será de um giro maior e vice
versa.
Assim
as cadencias de subidas estão ligadas diretamente a característica individual,
mas conseguindo-se adaptar cadencias iguais em marchas ditas mais pesadas
(menos dentes nos pinhões), sua razão de deslocamento será maior.
Face
ao exposto concluímos que a habilidade ou capacidade de subir melhor guarda uma
intima relação com a capacidade de ter um giro mais alto na bicicleta, tornando
os treinos no plano conjugados / alternados com treinos de montanha
extremamente importantes para que o ciclista consiga manter uma cadencia alta mesmo
nas subidas mais íngremes.
Vemos,
principalmente no Rio de Janeiro, ciclistas fazendo treinos de montanha todos
os dias e poucos evoluindo. Após adquirir força (principio da adaptação) suficiente
para as subidas, a melhora estará ligada a um aumento do giro e não mais da
força. Com isso, treine no plano e treine giro. Sua subida será melhor.
· Qual o
numero de dentes dos pratos do pedivela a
utilizar, compact, mid ou normal
Nas
coroas do pedivela estão escritos o numero de dentes do mesmo. No compact (pratos
com 50 x 34 dentes), mid compact (pratos com 52 x 36 dentes) ou pedivela normal
(pratos com 53 x 39 dentes)
Esse
é mais um grande questionamento de quem faz treinos em subidas.
A
resposta esta ligada diretamente a sua capacidade de “empurrar” a bicicleta com
mais ou menos força
Se
você tem um pedivela com coroas de tamanho compact (50x34) e uma relação onde o
cassete maior tem 28 dentes e você acha que faltam marchas sempre e sobe no
sufoco, não adianta tentar usar os demais. Mas, se você pedala muito solto e
raramente usa as catracas mais leves, já está na hora de repensar o numero de
dentes do prato menor que está usando.
Esse
tipo de interpretação pode ser usada em cada circunferência de coroas de
pedivela e lembrando sempre da relação da metragem e sua capacidade de rodar
com cadencias maiores e relações gradativamente mais pesadas.
Deve-se
apenas avaliar nesses casos, se irá fazer uma prova ou trajeto longo com grande
variação de altimetria. Nesses casos os pratos do pedivela compact (50x34) ou o
mid compact (52x36) podem oferecer uma segurança maior em caso de se faltar
marchas, seja pela distancia , seja pelo cansaço ou pela inclinação.
A
cadencia quando bem treinada possibilita
aos sistemas neuro musculo esquelético um maior acionamento de unidades
motoras, ponto de conexão entre os axônios (nervos que levam o estimulo
elétrico da contração muscular ao musculo) e
as fibras musculares tornando o movimento mas fácil pois ha um emprego
de mais fibras musculares (a coordenação e o “aprendizado” do movimento certo
torna isso mais nítidos).
Indivíduos
treinados clara eficiência melhor em cadencias mais altas que destreinados.
Outro
aspecto ligado a cadencia, é a potencia na subida. Em física, potencia é a
resultante de Força x velocidade. Para a
variação da potencia, umas destas variáveis devera ser alterada, mas estudos
comprovam que em cadencias mais altas é mais fácil manter a potencia alta que em cadencias mais
baixas pois a força absoluta empregada no pedal é menor.
Mas,
não se iluda quanto a manter também a cadencia muito alta , pois em geral em
montanhas, isto ira incorrer com o cassete maior atrás e uma metragem de
deslocamento menor.
Devemos
observar que cadencias muitos altas, em algumas situações também requerem um
consumo de oxigênio maior e em consequência uma fadiga prematura.
É
importante que o ciclista tenha uma observação clara das inúmeras possiblidades
de usar suas várias relações de marchas e seu auto conhecimento e treinamento
irão lhe ajudar a optar entre pedalar um pouco mais pesado ou leve para um
mesmo rendimento físico e gradualmente ter a capacidade neste modificar uma
dessas variáveis melhorando seu desempenho.
Segundo, Dr Chris
R Abbiss, PhD, 4Dr Jeremiah J Peiffer, PhD, 1Associate
Professor Paul B Laursen, PhD (2009) as cadencias ótimas que envolvem o
ciclismo não são claras pois vários fatores interferem isso.